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Fonte: Arquivo pessoal de Tiago |
Tiago,
você poderia situar como é o Basquetebol em Cadeiras de Rodas,
enquanto modalidade esportiva, em nosso país?
“A
origem da prática do esporte adaptado no Brasil deu-se justamente
por meio do basquete em cadeira de rodas. Isso decorreu da iniciativa
de Robson Sampaio de Almeida, residente no Rio de Janeiro e Sérgio
Serafim Del Grande, na cidade de São Paulo que, após sofrerem
acidentes que resultaram em uma lesão permanente, procuraram os
serviços de reabilitação nos Estados Unidos na década de 50.
Em
função da determinação de Robson e Sérgio, o esporte para
pessoas com deficiência passou a ser visto como uma possibilidade
aqui no Brasil. Tal movimento se fortalece e passa a se relacionar em
um cenário internacional a partir de 1969, quando a primeira Seleção
Brasileira participa dos 2º Jogos Panamericanos realizados em Buenos
Aires. O envolvimento do Brasil neste evento foi de suma importância,
pois permitiu que profissionais conhecessem outras possibilidades
esportivas para pessoas com deficiência.
A
partir disso, o Brasil tem procurado trilhar os
caminhos estabelecidos pelos Órgãos Internacionais, seja
incorporando as orientações ou buscando acompanhar as evoluções
nos mais diferentes campo de conhecimento que esta área estabeleceu,
buscando assim uma participação cada vez mais efetiva neste campo.
O
desenvolvimento e difusão do basquete em cadeira de rodas no Brasil
levou à fundação da Confederação Brasileira de Basquete em
Cadeira de Rodas – CBBC em dezembro de 1997. Atualmente é o órgão
responsável pelo desenvolvimento técnico da modalidade no país.
Existem
equipes distribuídas em todas regiões do Brasil, contabilizando
mais de 150 entidades filiadas a CBBC, além das equipes de caráter
amador e sem filiação que têm no basquete em cadeira de rodas o
foco no lazer para seus praticantes, diferentemente do foco
competitivo e de rendimento que ocorre nos campeonatos nacionais. O
calendário de eventos é distribuído em campeonatos Regionais (Sul,
Sudeste-Centro Oeste, Norte-Nordeste) que são classificatórios e 3
divisões Nacionais, com 12 equipes participantes em cada divisão.
Além disso, alguns estados organizam campeonatos estaduais, como é
o caso de São Paulo, que tem um modelo de excelência nesse aspecto
e atualmente é o pólo de desenvolvimento da modalidade no país. No
Rio Grande do Sul, tenho conhecimento de 12 grupos que praticam
basquete em cadeira de rodas, na sua maioria, com o foco no lazer
para pessoas com deficiência física. É importante mencionar que o
processo de elegibilidade da pessoa com deficiência para o basquete
em cadeira de rodas ocorre quando existe algum tipo de lesão de
membros inferiores, para isso, atribui-se um sistema de classificação
funcional.”
A
Seleção Brasileira de Basquetebol em Cadeiras de Rodas existe a
bastante tempo? Como é o processo de compor uma seleção de uma
modalidade Paralímpica? (o relato de Tiago é baseado desde setembro
de 2015, quando assumiu o cargo de técnico)
“Estivemos
acompanhando e mapeando atletas com potencial para a seleção por
meio dos campeonatos regionais e Nacionais. Também, é importante
mencionar que já existia um grupo de trabalho atuante e que esteve
no Parapanamericano em Toronto em agosto de 2015, competição dada
como uma prévia das Paralimpíadas Rio 2016, tratando-se de um teste
para a equipe. Com o resultado (4º lugar), a diretoria da CBBC
decidiu, após o torneio, reformular o trabalho com o objetivo de
renovar atletas e comissão técnica. Instalava-se uma nova
mentalidade na seleção. Desde então, passei a acompanhar os
campeonatos nacionais de 2015 e convocamos um novo grupo, apostando
também em jovens atletas. Hoje, buscamos um equilíbrio entre
atletas com mais experiência, como é o caso de 5 atletas que já
estiveram em Paralimpíadas, com novos talentos. O grupo ainda está
aberto, visto que a lista final só será entregue dia 20 de junho.
Ainda temos pela frente uma etapa de treinamentos para definir a
equipe, que poderá ser testada no Sulamericano de 26 de junho a 3 de
julho na Colombia, competição classificatória para a Copa América
2017.”
As
Paraolimpíadas serão em setembro deste ano, temos mais cinco meses
até os jogos. Até lá, quais os maiores desafios a equipe acredita
encontrar?
“Ainda
temos algumas etapas a cumprir nessa preparação. O desafio é atuar
principalmente no aspecto mental dos atletas (psicológico). É
preciso boas doses de confiança, mas está só acontece com a
preparação certa. Observamos um amadurecimento substancial nesse
sentido na última etapa de treinos que ocorreu em abril, em que na
ocasião enfrentamos o Canadá, atual campão paralímpico na
modalidade. Na ocasião, surtiram vitórias como consequência do
árduo trabalho em que todos membros da equipe estão se empenhando.
O grupo se fortalece a cada etapa. Como mencionei, ainda temos pela
frente uma fase de treinos que contará com amistosos com a Alemanha
(de 13 a 25 de junho), após o Sulamericano em Cali, Colombia (de 26
de junho a 3 de julho) e por fim, um último momento que contará com
uma série de amistosos com a Grã-Bretanha, no final de agosto,
antecedendo os Jogos Paralímpicos que iniciam dia 7 de setembro.
Estas possibilidades, de jogos como preparação, decorrem
principalmente em função do Brasil ser país sede, o que é uma
ótima vantagem para nós em termos de organização coletiva."
Qual
mensagem você gostaria de deixar para os nossos leitores?
“ 'Sucesso
é o estado de espírito resultante da consciência que você tem de
haver se empenhado para ser o melhor que é capaz de ser' (JONH
WOODEN)”
Descrição de imagem: Fotografia colorida de Tiago Frank, sentado em uma cadeira, sinalizando com as mãos enquanto segura uma caneta. Ao lado esquerdo, em cadeira de rodas um atleta, usa regata da seleção brasileira com o número 5. Fim da descrição.
Descrição de imagem: Fotografia colorida de Tiago Frank, sentado em uma cadeira, sinalizando com as mãos enquanto segura uma caneta. Ao lado esquerdo, em cadeira de rodas um atleta, usa regata da seleção brasileira com o número 5. Fim da descrição.
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