Dia 26
de julho é o dia nacional do profissional Tradutor Intérprete de Libras -
Língua Brasileira de Sinais. Esta data foi escolhida pela comunidade surda para
valorizar este profissional que lhes possibilita a comunicação. Convidamos a
Tradutora Intérprete de Língua de Sinais Maria Cristina Laguna para contar um
pouco da trajetória deste profissional, avanços já conquistados e a luta
contínua por uma formação com qualidade.
TRADUTOR-INTÉRPRETE
DE LÍNGUA DE SINAIS: DO ANONIMATO A PROFISSÃO
Maria Cristina Laguna[1]
Para
falar do sujeito tradutor-intérprete de língua de sinais - TILS, vou
rapidamente dizer que este profissional é um interlocutor da comunicação entre
sujeitos surdos e ouvintes. Sim, aquele que usa as mãos e a voz. É possível
afirmar que o TILS sempre esteve presente na história dos surdos, no entanto,
nunca foi dada visibilidade a este sujeito até agora. Nos espaços de circulação
dos surdos como as escolas, as igrejas e no círculo familiar[2], sempre houve aquele que
fazia o papel de interlocutor, possibilitando que surdos e ouvintes se
aproximassem. O TILS esteve junto nos movimentos dos surdos, nas garantias de
seus direitos, no reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais – Libras, pela
Lei Federal 10.436/2002[3] onde tornou-se a segunda
língua no País, no Decreto Federal 5.296/2004[4] sobre acessibilidade e
quando houve a preocupação por sua formação no capitulo V do Decreto Federal
5.626/2005[5], e devo dizer que todas as
reivindicações foram importantes para os TILS que puderam finalmente ter sua
profissão regulamentada pela Lei Federal 12.319/2010[6].
Atualmente,
estes profissionais vem numa luta de valorização de sua formação, visto que a
Lei coloca a formação em nível médio, os profissionais vem reivindicando a
valorização também em nível superior, pois há um vasto campo de atuação em
muitas áreas. Há TILS que atuam com crianças, com jovens, com adultos nos
espaços educacionais, de saúde, jurídico. Em algumas áreas a formação superior
é fundamental como nos espaços acadêmicos. Há profissionais atuando em
graduações e pós-graduações e para isso se faz necessário um olhar para a
formação do TILS, pois um profissional de ensino médio não teria as mesmas
competências lexicais daquele com formação superior[7]. Embora seja ideal que
cada profissional pudesse atuar em áreas afins, como por exemplo, um TILS
formado em direito pudesse atuar na área de direito, ainda estamos nos
encaminhando para isso. Mas estamos num constante diálogo com o governo e as
instituições para que possam pensar e mudar suas concepções de que a verdadeira
inclusão só se faz quando se prioriza a qualidade do serviço prestado, ou seja,
possibilitar que o surdo circule por diferentes espaços e tenha um profissional
qualificado para atendê-lo[8].
Também
estamos num momento de construção de políticas para a profissão, através da
Federação Nacional de Educação e Integração de Surdos – FENEIS[9], órgão representativo das
políticas para surdos e através da Federação Brasileira das Associações dos
Profissionais Tradutores e Intérpretes e Guiaintérpretes de Língua de Sinais –
FEBRAPILS[10],
órgão representativo dos TILS no País, já obtivemos algumas conquistas. Aqui no
Rio Grande do Sul a Associação Gaúcha de Intérpretes de Língua de Sinais -
AGILS[11], vem promovendo eventos
para discutir e debater sobre a profissão e com o apoio da FENEIS/RS[12] temos constituído
documentos que assegurem a qualificação profissional nos diferentes espaços de
atuação. Assim, a profissão tradutor-intérprete de língua de sinais é uma
carreira em expansão cada vez mais importante na sociedade, e pela sua história
de luta merece todo o respeito e valorização.
Desejo, neste dia 26 de julho, que cada
profissional TILS reflita sobre sua formação e atuação, e nunca esquecendo que
a raíz de sua escolha profissional se deve aos surdos, a eles deixo o meu
obrigada! E aos TILS os meus Parabéns!
[1]Tradutora-intérprete de Língua de
sinais no estado do Rio Grande do Sul e formadora de profissionais TILS.
Conheça mais em: http://lattes.cnpq.br/0077831105257394. ecristina.laguna.161@facebook.com.
[2] ROSA, A. da S. Entre a visibilidade da tradução da língua
de sinais e a invisibilidade da tarefa do intérprete. Coleção Cultura e
Diversidade Arara Azul. Ed. Arara Azul. S/A. Disponivel em: http://www.editora-arara-azul.com.br/pdf/livro5.pdf.
[7]LIMA, E. S. Discurso e identidade: Um olhar critico
sobre a atuação do(a) intérprete de Libras na educação superior. Dissertação de
Mestrado. Instituto de Letras do PPG em
Linguistica. Brasilia: UNB, 2006. Disponivel em: http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/2977/1/2006_Elcivanni%20Santos%20Lima.pdf?origin=publication_detail.
[8]SANDER, R. E.; SANDER, M. E. Tradutor/intérprete da Libras: um caminho para a acessibilidade. In: VIII Encontro da associação brasileira de
pesquisadores em educação especial. Londrina de 05 a 07 novembro de 2013 -
ISSN 2175-960X. p. 711 – 718.Disponivel emhttp://www.uel.br/eventos/congressomultidisciplinar/pages/arquivos/anais/2013/AT01-2013/AT01-066.pdf
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