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Jogos Paralímpicos 2016

Fonte: Arquivo pessoal de Tiago
Neste ano, 2016, nosso país sediará os Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Entre as modalidades que nosso país participará destacamos o Basquete em Cadeira de Rodas. Entrevistamos o técnico da seleção brasileira desta modalidade e agora compartilhamos com você a entrevista na íntegra. Tiago Frank é técnico da Seleção Brasileira de Basquete em Cadeira de Rodas e aluno do PPGEd - Mestrado em Educação pela Universidade de Caxias do Sul.

Tiago, você poderia situar como é o Basquetebol em Cadeiras de Rodas, enquanto modalidade esportiva, em nosso país?
A origem da prática do esporte adaptado no Brasil deu-se justamente por meio do basquete em cadeira de rodas. Isso decorreu da iniciativa de Robson Sampaio de Almeida, residente no Rio de Janeiro e Sérgio Serafim Del Grande, na cidade de São Paulo que, após sofrerem acidentes que resultaram em uma lesão permanente, procuraram os serviços de reabilitação nos Estados Unidos na década de 50.
Em função da determinação de Robson e Sérgio, o esporte para pessoas com deficiência passou a ser visto como uma possibilidade aqui no Brasil. Tal movimento se fortalece e passa a se relacionar em um cenário internacional a partir de 1969, quando a primeira Seleção Brasileira participa dos 2º Jogos Panamericanos realizados em Buenos Aires. O envolvimento do Brasil neste evento foi de suma importância, pois permitiu que profissionais conhecessem outras possibilidades esportivas para pessoas com deficiência.
A partir disso, o Brasil tem procurado trilhar os caminhos estabelecidos pelos Órgãos Internacionais, seja incorporando as orientações ou buscando acompanhar as evoluções nos mais diferentes campo de conhecimento que esta área estabeleceu, buscando assim uma participação cada vez mais efetiva neste campo.
O desenvolvimento e difusão do basquete em cadeira de rodas no Brasil levou à fundação da Confederação Brasileira de Basquete em Cadeira de Rodas – CBBC em dezembro de 1997. Atualmente é o órgão responsável pelo desenvolvimento técnico da modalidade no país.
Existem equipes distribuídas em todas regiões do Brasil, contabilizando mais de 150 entidades filiadas a CBBC, além das equipes de caráter amador e sem filiação que têm no basquete em cadeira de rodas o foco no lazer para seus praticantes, diferentemente do foco competitivo e de rendimento que ocorre nos campeonatos nacionais. O calendário de eventos é distribuído em campeonatos Regionais (Sul, Sudeste-Centro Oeste, Norte-Nordeste) que são classificatórios e 3 divisões Nacionais, com 12 equipes participantes em cada divisão. Além disso, alguns estados organizam campeonatos estaduais, como é o caso de São Paulo, que tem um modelo de excelência nesse aspecto e atualmente é o pólo de desenvolvimento da modalidade no país. No Rio Grande do Sul, tenho conhecimento de 12 grupos que praticam basquete em cadeira de rodas, na sua maioria, com o foco no lazer para pessoas com deficiência física. É importante mencionar que o processo de elegibilidade da pessoa com deficiência para o basquete em cadeira de rodas ocorre quando existe algum tipo de lesão de membros inferiores, para isso, atribui-se um sistema de classificação funcional.”

A Seleção Brasileira de Basquetebol em Cadeiras de Rodas existe a bastante tempo? Como é o processo de compor uma seleção de uma modalidade Paralímpica? (o relato de Tiago é baseado desde setembro de 2015, quando assumiu o cargo de técnico)
Estivemos acompanhando e mapeando atletas com potencial para a seleção por meio dos campeonatos regionais e Nacionais. Também, é importante mencionar que já existia um grupo de trabalho atuante e que esteve no Parapanamericano em Toronto em agosto de 2015, competição dada como uma prévia das Paralimpíadas Rio 2016, tratando-se de um teste para a equipe. Com o resultado (4º lugar), a diretoria da CBBC decidiu, após o torneio, reformular o trabalho com o objetivo de renovar atletas e comissão técnica. Instalava-se uma nova mentalidade na seleção. Desde então, passei a acompanhar os campeonatos nacionais de 2015 e convocamos um novo grupo, apostando também em jovens atletas. Hoje, buscamos um equilíbrio entre atletas com mais experiência, como é o caso de 5 atletas que já estiveram em Paralimpíadas, com novos talentos. O grupo ainda está aberto, visto que a lista final só será entregue dia 20 de junho. Ainda temos pela frente uma etapa de treinamentos para definir a equipe, que poderá ser testada no Sulamericano de 26 de junho a 3 de julho na Colombia, competição classificatória para a Copa América 2017.”

As Paraolimpíadas serão em setembro deste ano, temos mais cinco meses até os jogos. Até lá, quais os maiores desafios a equipe acredita encontrar?
Ainda temos algumas etapas a cumprir nessa preparação. O desafio é atuar principalmente no aspecto mental dos atletas (psicológico). É preciso boas doses de confiança, mas está só acontece com a preparação certa. Observamos um amadurecimento substancial nesse sentido na última etapa de treinos que ocorreu em abril, em que na ocasião enfrentamos o Canadá, atual campão paralímpico na modalidade. Na ocasião, surtiram vitórias como consequência do árduo trabalho em que todos membros da equipe estão se empenhando. O grupo se fortalece a cada etapa. Como mencionei, ainda temos pela frente uma fase de treinos que contará com amistosos com a Alemanha (de 13 a 25 de junho), após o Sulamericano em Cali, Colombia (de 26 de junho a 3 de julho) e por fim, um último momento que contará com uma série de amistosos com a Grã-Bretanha, no final de agosto, antecedendo os Jogos Paralímpicos que iniciam dia 7 de setembro. Estas possibilidades, de jogos como preparação, decorrem principalmente em função do Brasil ser país sede, o que é uma ótima vantagem para nós em termos de organização coletiva."

Qual mensagem você gostaria de deixar para os nossos leitores?
'Sucesso é o estado de espírito resultante da consciência que você tem de haver se empenhado para ser o melhor que é capaz de ser' (JONH WOODEN)”  

Descrição de imagem: Fotografia colorida de Tiago Frank, sentado em uma cadeira, sinalizando com as mãos enquanto segura uma caneta. Ao lado esquerdo, em cadeira de rodas um atleta, usa regata da seleção brasileira com o número 5. Fim da descrição.

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