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Arte e Reinvenção

"Minha vida está sendo reinventada através da arte. Sempre tive vontade de dançar, desde que me conheço por gente. Em contra partida, nasci com uma má formação na coluna e pela ignorância das pessoas sempre ouvia dizer que pessoas com deficiência não poderiam dançar. Por um tempo até acreditei neste pensamento, mas nunca desisti deste meu sonho. Além de tudo, sou teimosa.
Quando comecei o 2º grau conheci uma profissional de educação física que me fez acreditar na minha capacidade. Comecei com ela através de atividades físicas e esta foi uma oportunidade que me colocou em contato com o meu próprio corpo, assim fui entendendo como ela poderia me ajudar e como eu poderia executar o que ela me propunha. Tive a experiência da natação e da musculação e, de tempo em tempo, fui me aventurando para outras modalidades. Experimentei-me no basquete, no atletismo, no surf, continuei com as duas outras atividades, mas nunca abandonei meu desejo de dançar e solicitava a profa. Renata para me orientar nesse sentido. Fazendo o depoimento de minha história em aula numa disciplina do curso de educação física conheci um profissional que aceitou me ensinar a dançar. Iniciei com o estilo contemporâneo por dois anos, depois conheci outros profissionais com quem ampliei meu aprendizado e três anos depois comecei a trabalhar profissionalmente na área da dança. Neste mesmo período fiz um curso de pós-graduação em neuro psicopedagogia com ênfase na educação inclusiva. Assim, comecei a descobrir meu potencial e sentir que minhas limitações físicas não eram empecilho e que eu poderia realizar meu sonho de dançar. Montei um espaço para ensaiar a dança e organizar meus projetos. Firmei parcerias com profissionais e disponibilizei o espaço para a realização de aulas e atividades sobre diferentes temáticas dentro da área da cultura e inclusão. Comecei a dar palestras e oficinas na área da inclusão e da dança adaptada, fiz aulas de diferentes estilos de dança como balé, flamenco, pole dance, teatro, música, danças populares, entre outros. No momento estou concluindo a graduação em dança já pensando em dar continuidade a meus estudos apresentando um projeto de pesquisa em nível de mestrado com foco na temática da dança para corpos diversos. Esse percurso tem me tornado uma pessoa menos “dura”, menos rígida no pensamento, menos agressiva nas palavras. Ao mesmo tempo, tem me fortalecido como pessoa, ampliado minha autoconfiança intensificando minhas sensibilidades e sentimentos. Considerando minhas condições físicas, sei que posso ter quedas, mas também sei que as próprias quedas podem dar sentido ao meu corpo, pela própria convocação que fazem para me reerguer. O corpo desafiado pela arte não só comunica sensações, mas novas possibilidades de ser e estar, novas formas de perceber, conhecer e pensar o mundo e a si mesmo."
Postagem: Roberta Giovanaz Spader - acadêmica do curso de Tecnologia em Dança da Universidade de Caxias do Sul

Comentários

  1. OLÁ GIOVANA. EU TAMBÉM TENHO O MEU CORPO COM A COLUNA RECURVADA PARA Á DIREITA. EU SOU O JEAN CARLO BORTOLOZZO ESCRITOR.

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    1. É Roberta. Desculpa tanto tempo para a resposta.eu conheço sua história. Li o livro. Paraná!

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