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As especificidades do Intérprete de Libras no Ensino Superior


No Brasil, desde meados da década de 1990, os surdos ingressavam no Ensino Superior. Porém, a Língua Brasileira de Sinais foi oficializada em 2002, através da lei nº 10.436 e, somente em 2005, através do decreto nº 5626 em seu art. 14, é que se tornou obrigatória a presença do intérprete em sala de aula.



A gradativa presença dos surdos no universo acadêmico tem criado a necessidade e a oportunidade de expandir o vocabulário da Libras, pois em se tratando do ensino superior, surdos e intérpretes partilham da mesma dificuldade: como encontrar sinais na Libras que expressem os conceitos necessários para a compreensão e construção do conhecimento? Como a comunidade surda se articula para ampliar a Libras? 


Uma das estratégias adotadas pela comunidade surda é a criação de dicionários específicos de cada área. São exemplos: o FESAI – Fórum de Estudos Surdos na área da Informática e o 1º Encontro Internacional de Libras das áreas de Química, Física, Matemática e Biologia. 

Outra estratégia parte do trabalho do próprio intérprete: este profissional deve acessar com antecedência os conteúdos que serão estudados para apropriar-se de termos específicos dentro de uma determinada área e para pesquisar os sinais correspondentes. Quando não estão disponíveis estes sinais, o intérprete pode se utilizar de paráfrase ou apresentar os termos de forma datilológica (letra por letra). 

Mesmo com a falta de sinais para termos específicos, é importante que o intérprete de Libras conheça o assunto que está sendo tratado (o que se faz também através de atualização constante de conhecimentos gerais), respeitando o sentido do discurso e não explicando excessivamente o que está sendo dito para não restringir a compreensão dos surdos (Rosa, 2010). 

E por fim, pode-se utilizar uma frase de Sandra Navarro (tradutora de língua inglesa) que converge muito com o trabalho do intérprete de Libras: “traduzir (interpretar) é subtrair barreiras e multiplicar horizontes; ser um elo entre os povos; transpor limites; transmitir culturas e ser um intermediário do conhecimento.” 

Para conhecer mais dos trabalhos citados, acesse os links: 

Rosa, Andréa da Silva. Entre a visibilidade da tradução da Língua de Sinais e a invisibilidade da tarefa do intérprete. 2010. 


Sandra Navarro - Blog Palavras de uma tradutora

http://navarrosandra.wordpress.com/author/navarrosandra/page/3/

Texto: Intérprete Priscila Paris Duarte

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