Em
agosto desse ano, a cidade de Gramado sediou mais uma edição do
festival de cinema de Gramado, trazendo atores, roteirista e também
um público que vem conquistando mais espaço a cada ano, os surdos.
No
intuito de mobilizar as mídias e o setor cinematográfico, desde
2005 através da educadora surda, Carilissa Dall'Alba, militante da
causa “legenda para quem não ouve, mas se emociona” viu a
possibilidade de aliar a visibilidade do festival gaúcho com a de
ganhar voz para a causa. Causa essa, que requer acessibilidade para
que os surdos possam assistir filmes no cinema, já que, pela falta
da legenda, o deficiente auditivo não assiste os filmes Brasileiros,
desenhos animados e demais produções, uma vez que não escuta, ou
escuta parcialmente. No Brasil, Marcelo de Carvalho Pedrosa, com grau
profundo de surdez, foi o idealizador da campanha, seu objetivo é o
de aumentar o número de pessoas conscientes dos direitos dos surdos
e, assim, ter força para lutar por um ideal de igualdade nas
atividades de lazer.
Em
Caxias do Sul já existem salas de cinema com legendagem descritiva
(que indica, para surdos, ruídos e sons importantes para a
construção da narrativa), além de legendas, mas a luta ainda é
grande, é preciso conquistar um espaço ainda maior, visando uma
acessibilidade total e completa, para que as legendas sejam
obrigatórias em todos os cinemas brasileiros.
No vídeo a seguir, Carilissa conta um pouco sobre a divulgação da campanha "Legenda para quem não ouve, mas se emociona" no Festival de Cinema de Gramado 2017.
Descrição do vídeo:
Vídeo da Carilissa, que veste blusa preta e casaco azul. Fundo branco. Carrilissa é surda e sinaliza em libras a seguinte informação:
"Olá, hoje vou explicar sobre o que?
Sobre o assunto de Gramado, dia 19 de agosto. Um movimento de
promoção da legenda, uma luta que vem acontecendo há mais de 13
anos. Esse ano foi especial porque mais de 350 pessoas participaram,
muitas pessoas de diversas regiões e estados do Brasil, surdos e
ouvintes. Teve o que? Apresentação de teatro e piadas por pessoas
surdas, depois exibição de filmes sobre o assunto sempre incluindo
a legenda, literatura surda, cultura surda, vida própria dos surdos,
bem como, desenvolvimento pessoal. Conhecimento sobre a vida em
sociedade, conhecimento sobre a vida do surdo. Momento importante
porque mostra o por quê o surdo pede legenda. Precisa o que?
Inclusão social, precisa porque o surdo hoje gosta de ir no cinema,
mas se não tem legenda, ele faz o que?! Espera vir em DVD?! Isso não
é certo! O surdo precisa estar incluído na cultura, no lazer,
incluso no social. Por isso, para mim sinto que é muito importante
ir a Gramado, reunir muitas pessoas. Também conseguimos a promessa
do próprio Festival de Gramado, de que vai atender ao pedido de no
ano que vem colocar legenda em todos os filmes. Espero e torço.
Também é um ano especial porque conseguimos voluntários para
trabalhar dentro do festival. Todo o trabalho do Festival é
voluntário, nada de pagamento de salário. Nós vendemos as
camisetas e canecas para comprar as coisas para o festival, porque
não tivemos apoio, nem verba, nada. Mas nós não desistimos da
luta. Obrigada a todos por participarem de um momento importante para
a cultura surda, porque muitos surdos de Caxias, principalmente de
Caxias, adolescentes que foram até lá, fiquei admirada, um surdo
aqui, outro lá, admirados, tem filme, tem legenda! Então é como se
abrir para o novo, defender e ter emponderamento. Importante essas
trocas porque no passado essa luta parecia só minha. Agora todos
juntos unidos, isso é importante! Obrigada."
Fim da descrição.
Postagem feita por: Ana Lúcia Gil Terres e Camila Pelizzer.
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