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O Primeiro Cão Ouvinte do Brasil


Na tarde de 16 de março de 2017, o PIMA recebeu uma visita especial dos treinadores caninos Janaína e César que trouxeram também a Leona.
Leona é um filhote de Terrier Brasileiro que está sendo treinada para ser um cão assistente. Ela será o primeiro cão ouvinte do Brasil. Você já ouviu falar nisso?
Neste post vamos explicar o que é um cão assistente e como ele pode auxiliar a vida de quem o acolhe.

A Janaína e o César, trabalham no Centro de Adestramento Vale da Neblina desde 2009, lá são feitos treinamentos de cães. Atualmente o centro de treinamento tem dois projetos, um voluntário e um comercial.
Dentro do projeto voluntário ocorre o trabalho com cães assistente, esse tipo de treinamento leva aproximadamente 6 meses. Os cachorros são treinados para auxiliar pessoas com necessidades especiais e também para o trabalho de busca e resgate de pessoas em situações de emergência, este último em parceria com outras organizações, como os bombeiros. Já no projeto comercial são realizados treinamentos básicos, como correções de comportamento, ensinam os cães a passear corretamente, a fazer as necessidades no lugar certo e também trabalham com a reabilitação de cachorros agressivos. Dentro desta área também trabalham com formação de cães de guarda por solicitação dos donos ou para venda.
Também exitem os cães terapia, cães que contribuem para a melhoria de pessoas debilitadas ou com necessidades especiais, levando alegria para muitas delas. Realiza-se visitas em centros e instituições como asilos, buscando motivar os idosos a prática de atividades físicas, um exemplo de atividade nessa instituição, é quando o treinador pede aos idosos que ergam seus pés, assim o cachorrinho vai passar por baixo dos pés dos idosos.
O cão assistente, ao contrário do cão terapia, é sempre de um usuário apenas. E é aqui que entra a Leona, ela será um cão assistente para surdo, está sendo treinada pela Janaína para responder a sons básicos, como o som de um celular, do despertador, campainha, alarme, e futuramente ao nome da pessoa que a acolherá e também outros sons de acordo com a necessidade da pessoa. Além da Leona, o centro também conta com treinamento de outros cães assistentes. Tem um cachorro que ajuda um menino cadeirante, ele é treinado para buscar objetos, abrir e fechar portas e gavetas, acender e apagar a luz, auxiliar na retirada da roupa como as meias e os calçados. Um outro cão acompanha um menino com autismo, evitando que ele se machuque e buscando ajuda quando necessário, durante a noite quando a criança dorme se o menino tiver sonhos ruins, o cão chama atenção dos pais do menino a fim de acordá-los para que eles o acalmem, segundo os treinadores, o resultado tem superado as expectativas, uma vez que o menino tinha medo de cães mas está se adaptando muito bem a sua nova companhia. Multi, outro cão assistente, auxilia seu dono nas seções de fisioterapia e fonoaudiologia motivando-o.
O Vale da Neblina tem parceria com o Keni Club que cria cães da raça Terrier. Outros países usam diferentes raças, por exemplo, a escola da Argentina que é referência em treinamento de cães usa o CSRD, nosso conhecido “vira-lata”.
O treinamento é sempre positivo. E também busca-se sempre o cachorro certo para a coisa certa. Por exemplo, não se pode colocar um cão de guarda para ser cão assistente, o animal precisa se identificar. A Seleção é feita de acordo com a necessidade, a Leona, fez um teste aos 45 dias para saber se ela era ativada pelo som (reativa). Caso fosse um cão para cadeirante, ele precisa ser sem reativo, ou seja, um cachorro que não é nem ativo, nem passivo. Para cada função, seleciona-se um tipo de cão.
Tudo se inicia na escolha do filhote, ainda na ninhada. Com 60 dias é levada a casa do treinador ou diretamente a família acolhedora, nesse período ela já aprende o básico da obediência, o que ela pode e não pode fazer, regras do local, aprende a fazer as necessidades no lugar certo e depois inicia-se o treinamento a fim de deixa ló apto para as necessidades de seu dono.
O treinamento com a Leona começou logo que ela chegou ao centro de treinamento, quando ela tinha apenas 60 dias. Seu treino não é apenas com o som, é importante que ela aprenda socializar em diferentes ambientes e também com outros cães, para que ela não tenha medos e nem agressividade, apreendendo a ser amigável, tranquila e segura. Após uma série de treinamentos no centro, ela passará para o treinamento na casa da pessoa que a acolherá, para que ela aprenda a fazer o que é necessário.
A Leona será doada a uma família ou a um surdo, que será selecionado levando em consideração os seguintes itens:

1- Gostar de cães;
2- Entender a responsabilidade e os cuidados que o animal precisa;
3- Seguir as orientações passadas, para que o cão continue sendo capaz de desenvolver as atividades propostas;
4- Seguir o treinamento (acompanhamento);
5- Entender os benefícios trazidos pelo cão;
6- Precisa haver uma identificação cão x dono.

Após o treinamento o cão que possui funcionalidade, pode ser homologado como cão assistente. O principal órgão que regulamenta isso é o CBKC (Confederação Brasileira de Cinofilia). O órgão visa abrir portas para que os cães possam entrar em locais que antes eram barrados. Atualmente existe uma legislação específica para o cão-guia, mas não existe nada que contemple o cão assistencial.

Quer mais informações? Então acesse:
faceboock.com/valedaneblina

Postagem intérprete: Sharlene B. de Quadros

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